A meditação tem ganhado cada vez mais destaque no século XXI, sendo amplamente divulgada. No entanto, apesar de seus inúmeros benefícios, a meditação ainda não é uma prática generalizada. Muitos veem-na como algo místico, distante da realidade cotidiana, ou acreditam que é necessário muito tempo, silêncio absoluto ou conhecimento prévio para começar. A falta de informação acessível, o ceticismo e a dificuldade em lidar com o próprio silêncio interior também afastam possíveis praticantes. Além disso, vivemos numa cultura voltada para o fazer constante, o que dificulta parar e simplesmente “ser”. A meditação exige disciplina e paciência, virtudes pouco cultivadas no mundo moderno, onde os resultados rápidos e a produtividade ainda são prioridades.

Há a nível civilizacional, um desligamento generalizado, da capacidade inata do ser humano encontrar as respostas e soluções dentro de si. Daí a meditação ser tão difícil de adotar. Ela leva-nos para um mundo desconhecido, para o nosso mundo interior, com o qual não estamos habituados a lidar.

Quando se inicia a prática de meditação, sentimos o apelo constante do ego para racionalizar esses momentos, invadindo-os com pensamentos constantes. Essa é dificuldade inicial da maioria das pessoas, desligar-se do lado mental. A mente não está formatada para estar inativa, ela está sempre no modo de sobrevivência e isso liga-nos constantemente ao lado material e prático da vida.

Percebemos numa fase inicial da prática da meditação, a nossa incapacidade de nos desligarmos dos pensamentos, isso pode trazer alguma frustração e muitas vezes a conclusão precipitada de que meditação não é para nós, que nunca vamos conseguir. É forte o apelo mental, tornando. por vezes, desconfortável a luta interna que se gera nesses momentos. Podemos afirmar que a maioria das pessoas acha difícil meditar exatamente pela mesma razão porque deverão faze-lo, silenciar a mente.

Experimente fechar os olhos durante cinco minutos e observe quantos pensamentos lhe vão surgir e que provavelmente não surgiriam se estivesse de olhos abertos a realizar qualquer tarefa ou mesmo sem fazer nada. Na maioria dos casos é um turbilhão incontrolável de pensamentos, não é? Isto porque o ego não gosta de inatividade mental, ele está sempre a querer algo.

A ideia de que meditação é extremamente benéfica para o ser humano, está comprovada cientificamente, ela tem sido cada vez mais reconhecida como uma ferramenta poderosa para promover relaxamento, bem-estar e transformação pessoal. A meditação pode reduzir significativamente os níveis de cortisol — o hormônio do estresse —, melhorar a qualidade do sono, aumentar a capacidade de foco e concentração, além de fortalecer o sistema imunológico. Através de exames de neuroimagem, observou-se que meditadores frequentes apresentam maior espessura no córtex pré-frontal, área responsável pela tomada de decisões e regulação emocional. Além disso, há uma redução da atividade na amígdala cerebral, que está associada ao medo e à ansiedade. Isso indica que a meditação não apenas relaxa, mas reestrutura profundamente os padrões de funcionamento mental, promovendo maior equilíbrio e clareza interior.

No entanto, para além dos benefícios mensuráveis pela ciência, a meditação também é uma porta de entrada para uma dimensão mais sutil e espiritual da existência. Ela é um meio de reconexão com o divino, com o Eu superior e com o fluxo da energia universal. Nessa perspetiva, meditar e silenciar o ruído mental que nos separa da essência é permitir que a alma se volte a alinhar com o ritmo do universo

Energeticamente, a meditação atua como um harmonizador. Ela reequilibra os centros energéticos (ou chakras), desbloqueia tensões acumuladas e restabelece o livre fluxo da energia vital. Isso pode ser sentido como uma sensação de leveza, paz interior e expansão da consciência.

Quando uma pessoa medita com regularidade, ela começa a viver em maior presença, alinhamento e sintonia com as sincronicidades da vida. Decisões tornam-se mais intuitivas, os relacionamentos fluem com mais autenticidade e a vida, como um todo, parece mover-se com mais propósito e significado.

A transformação que a meditação proporciona vem justamente dessa reaproximação com o todo. Ao aquietar-se, a pessoa cria espaço para ouvir o que está além da mente racional — seja a sua própria voz interior, seja a sabedoria do universo. Com o tempo, esse estado de conexão pode transformar não apenas o modo como se lida com o estresse e os desafios cotidianos, mas também a forma como se observa a si mesmo e ao mundo.

Portanto, seja pela via científica ou espiritual, a meditação é um convite à transformação. Uma prática simples, acessível e profundamente poderosa que permite restaurar o equilíbrio interno e reestabelecer o fluxo natural entre o ser e o universo. Ao cultivá-la com constância, qualquer pessoa pode experimentar uma vida mais plena, consciente e conectada.

Quando olha à sua volta e tudo parece aparentemente perfeito, tudo se encaixa, mas você continua a sentir uma inexplicável insatisfação; quando nada parecer estar bem na sua vida e se sente perdido sem saber o que fazer; quando olha para o seu passado e constata que muito daquilo porque lutou, em que acreditou, deixou de fazer sentido; Quando olha para o lado e não consegue vislumbrar ninguém que o possa ajudar, dar respostas; Quando perceciona que o curso/emprego porque tanto lutou começa a trazer frustração e descontentamento; quando sente o peso das rotinas que você próprio criou; quando dá por si a ficar, a não reagir, a procrastinar; a não querer mudar, a sentir revolta, a apontar o dedo, a encontrar desculpas e razões para justificar o que quer que seja ou quando dá por si a ficar doente, debilitado…quando dá por si… a meditação pode ser o inicio do fim de todo esse desconforto. É tempo de meditar, de ir para dentro de si à procura, não de quaisquer respostas, mas das Suas Respostas, da sua verdade, do seu silêncio.

Parece difícil acreditar que algo tão “simples” como a meditação, possa ser a solução para tantas coisas, mas é mesmo assim. Ela é uma ferramenta do Universo que nos permite transformações profundas. Na sua essência, viver é algo simples se partirmos do princípio que todas as soluções estão dentro de nós e dessa forma, adquirimos um poder enorme de mudar, de curar e obter tudo na nossa vida.

Ficar em estado meditativo é ficar no nada, no zero, no vazio, no nada querer, no tudo aceitar, tudo o que não seja isto ainda não é meditação. Este estado de entrega de vazio aparente é o estado de perfeita conexão consigo próprio e com as energias do universo às quais estamos invariavelmente ligados. Quanto mais permanecer nesse estado, mais elevada será a sua conexão e consciência, melhor será a sua perceção das reais necessidades na vida. Passa a ver os seus dias de forma diferente, encontrando soluções que antes não via, tendo mais sensibilidade nos seus relacionamentos, a ser tolerante consigo e com os outros, surgem novos interesses, passa a atrair pessoas diferentes. Podemos afirmar que a prática regular da meditação, pode mudar completamente a nossa perspetiva de existência e propósito de vida.

João Dionísio