As aparências físicas enganam muito. A maioria das pessoas parece adulta, mas na realidade não o é. Emocionalmente, a maioria continua a ser criança. As emoções e atitudes que prevalecem no jardim de infância e no recreio continuam ativas na vida adulta, só que ocultas sob uma terminologia que parece mais digna. Na maioria das pessoas, vive uma criança que está simplesmente a imitar um adulto. A «criança interior» de que tanto ouvimos falar não tem nada de interior; na realidade, é bastante «exterior».
À medida que crescem, as pessoas identificam-se com diferentes modelos e copiam o que pensam ser comportamentos e estilos adultos; todavia, não é o adulto que está a fazer isto, mas sim a criança. Como tal, o que vemos diariamente são pessoas que agem com base em programas e situações hipotéticas com as quais se identificam quando crianças. A criança pequena, como a maioria dos animais, já revela curiosidade, autocompaixão, ciúme, inveja, competitividade, birras, explosões emocionais, ressentimentos, ódios, rivalidades e exigências de atenção, obstinação, petulância, responsabilização dos outros, fuga à responsabilidade, procura de favores, tendência para colecionar «coisas», exibicionismo e muito mais. Tudo isto são atributos da criança.
Se observarmos as atividades da maioria dos adultos, percebemos que nada mudou. Isto ajuda-nos a desenvolver o entendimento compassivo, em lugar da condenação. A teimosia e a oposição, que são características aos dois anos, continuam a dominar muitas personalidades bem avançadas na idade.
Ocasionalmente, as pessoas também conseguem passar da infância à adolescência na sua personalidade e tornam-se incansáveis caçadoras de emoções que desafiam o destino, se preocupam com o corpo, os músculos, os namoros, a popularidade e as conquistas românticas e sexuais. Tendem a ser engraçadas, afetadas, sedutoras, elegantes, heroicas, trágicas, teatrais, dramáticas e histriónicas. Também aqui encontramos uma representação da imagem infantil da adolescência. A criança interior é ingénua e impressionável, fácil de programar e também fácil de seduzir e manipular
David R. Hawkins
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