A natureza continua a acontecer, a beleza das coisas continua presente, o Sol continua a nascer todos os dias e a trazer-nos a sua luz incondicionalmente, as árvores continuam a dar os seus frutos, as flores florescem, os animais seguem com as suas vidas. Tudo nasce, morre e renasce no seu ciclo natural, naturalmente…
E o HOMEM?
Continua fechado em si mesmo, triste, arrogante, deprimido, ansioso, com medo, medo de morrer, de renascer, em lamento constante, violento, a não aceitar, a manipular, em luta constante… infeliz…
E porquê?
Porque se julga fora da natureza, porque está fora da sua natureza, não a respeita, não se respeita, acha-se um caso à parte, e segue escravo e vítima de si mesmo, sem consciência. Uma consciência que começa em cada Ser, em cada universo interno e não na massa humana cheia de dogmas, de leis, de castrações e supostas liberdades.
Um Homem cego, surdo e mudo. Incapaz de olhar à sua volta e ver a sua verdade mais profunda, incapaz de ouvir a voz da sua alma e mudo porque nada diz, nada do que fala o serve verdadeiramente.
Um Homem reativo, impulsivo, defensivo, agressivo, tudo coisas que fazem transparecer o Medo, esse medo que bloqueia, que impede, que ilude e que castra o Amor que tudo pode.
Chegamos ao ponto de não ouvirmos no dia a dia, uma palavra de esperança e amor, pior que isso, não temos sequer um pensamento de esperança e amor, e quando elas as palavras, surgem, são mais do mesmo, falam de uma esperança do ego, que quer repor o que estava, o que nos fez mal e nos trouxe até aqui. Falam de uma falsa esperança como se tudo pudesse voltar ao que era antes. Revolta, reação, indignação, tudo menos aceitação, tudo menos gratidão, sentimentos difíceis de encontrar nos tempos que correm, sentimentos que até quando acontecem surgem imbuídos de ego e de querer. Falta muita genuinidade, falta mesmo honestidade em relação ao que se sente ou ao que se julga sentir.
Felizmente o Homem, apesar de não aceitar a natureza ele faz parte dela e mesmo resistindo ele está sujeito às suas leis, incondicionalmente. E tal como o ciclo da vida que acontece numa floresta ele também será obrigado a renovar-se, com mais ou menos sofrimento, com mais ou menos resistência, mas no fim a natureza vence sempre, porque os seus recursos são da dimensão do Universo e não há como fugir da nossa natureza e das suas leis.
O Homem, o único ser com potencial de consciência à face da terra, sempre escolheu o lado mais difícil para existir, sempre viveu em modo de sobrevivência, poucos foram aqueles que viveram plenamente a sua experiência neste planeta em consciência e em harmonia com o que é natural.
O modo de sobrevivência é o modo do ego, aquilo que mais primitivo existe no Homem, o modo da competição, do poder, da escravidão, da alienação de valores como a compaixão, a solidariedade e amor, e assim tem sido sempre ao longo de milhares de anos.
O que temos de fazer é por a nossa inteligência e consciência humana, ao serviço da natureza, servi-la para que ela nos sirva. Este é o propósito mais elevado que conduz à evolução da alma. Esta é a razão porque existe um planeta Terra, uma humanidade que nos proporciona este emaranhado de complexos desafios que apenas refletem a vontade e o livre arbítrio que nos assiste e assim nos permite, pela consciência, evoluir.
Ao contrário do que possa parecer, esta não é uma mensagem negativa ou derrotista, é sim uma mensagem de esperança, mas principalmente de Certeza, a certeza de que estamos no rumo certo. Uma certeza que nos diz que durante milhares de anos estivemos fechados num casulo escuro, conturbado, mas necessário e fundamental para que um dia nasça uma linda borboleta, uma borboleta que apenas É com todo o seu esplendor, mais uma obra magnifica do Universo.
23/09/2020
Carlos Dionísio
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