O que está a mudar no Natal é o mesmo que está a mudar em todas as outras alturas do ano, são as pessoas. – O Natal já não é o que era! – Pois não, nunca foi o que era. Esta frase tem corrido os tempos desde à 2018 anos e realmente todos os Natais são diferentes, não há um igual ao outro. Apesar de algumas tradições se manterem e de irem surgindo outras, o que conta é como cada um sente o seu Natal e isso, em cada ano que passa altera-se porque o significado das coisas muda de acordo com a nossa
O que está a mudar no Natal é o mesmo que está a mudar em todas as outras alturas do ano, são as pessoas. – O Natal já não é o que era! – Pois não, nunca foi o que era. Esta frase tem corrido os tempos desde à 2018 anos e realmente todos os Natais são diferentes, não há um igual ao outro. Apesar de algumas tradições se manterem e de irem surgindo outras, o que conta é como cada um sente o seu Natal e isso, em cada ano que passa altera-se porque o significado das coisas muda de acordo com a nossa vivência.
O chamado espírito de Natal tem vindo a diluir-se na forma desenfreada e urgente como se vive nos dias de hoje. As crianças observam o Natal apenas como a altura do ano em que se recebe prendas vindas de todo o lado. Ficam os valores materiais mas o real significado de saber dar e receber não fica incutido nos valores das crianças. Podemos assim antever como será o futuro do Natal.
A própria ideia de consumo associada ao Natal mudou. O Natal era aquela altura em que se comprava os extras, o supérfluo, aquilo que de uma forma geral não se comprava durante o ano. Agora compra-se em qualquer altura, já ninguém precisa de esperar. Os créditos são sempre uma forma de antecipar as coisas. Por isso o Natal anda a cair na vulgaridade consumista, apenas dilatada pelos subsídios de Natal que podiam perfeitamente passar a ser subsídios de Páscoa ou de Carnaval que ninguém se ia importar desde que houvesse…
Há ainda a sobrepor o “stress natalício” – Que chatice ter de comprar tanta coisa. Escolher prendas para A, B ou C só porque sim. Os preparativos para o evento, a correria, o tem que ser, porque se não for, porque se não comprar….
O Natal tem de ser em família? Onde é que isso está escrito? A ideia de família está cada vez mais diversificada. Há quem simplesmente não tenha família ou não se identifique com ela. Vamos julgar e recriminar essas pessoas? Claro que não. Para tanta gente essas reuniões de família impostas são situações pouco agradáveis onde acabam por vir à tona ressentimentos e situações não resolvidas, lembranças dolorosas, enfim coisas que contrariam a ideia de felicidade implícita no Natal mas também podem ser momentos prazerosos de são convívio. A escolha é sempre de cada um. Se tem uma família adorável óptimo, se não tem “faça a sua família”.
Por tudo isto o Natal já não é o que era. Penso que cada vez menos será o que foi porque a ideia de comemorar o nascimento de Jesus deu lugar a valores e interesses do Homem, do seu ego, da sua ambição.
O Natal esconde em si a sua verdade, é usado e abusado, vulgarizado a cada ano que passa, está mergulhado em valores que são exatamente os opostos à mensagem que Jesus veio deixar à terra. Há uma hipocrisia imensa nos valores de solidariedade apregoados. Solidários temos de ser todos os dias, dar, receber e agradecer temos de saber fazê-lo todos os dias. Ninguém pode ser genuíno ao festejar este dia se nos restantes esquece o que é amor, solidariedade, humildade ou gratidão.
O verdadeiro espírito de Natal tem de brotar do coração de cada um de nós, temos de vivê-lo de acordo com a nossa consciência e não por imposição de valores de uma sociedade à deriva perdida em si mesma. Temos de aprender a escolher, a dizer não mas também a dizer sim ao que vai de encontro à nossa intuição, à nossa felicidade.
Tenho plena convicção de que Jesus gostaria de ver o seu aniversário festejado de outra forma. Se cada um que ler estas linhas tiver o mínimo de conhecimento sobre a mensagem que ele nos traz, com certeza que vai concordar comigo. Ele é a maior referência espiritual para o mundo ocidental. O dia do seu aniversário não tem um grande significado para ele. O que realmente lhe importa é que dentro de cada um de nós aconteça o despertar da consciência, o acordar para os verdadeiros valores da vida e de tudo o que está para lá dela. O que lhe importa é que aprendamos a ver-nos como seres individuados e não religados, com virtudes e defeitos próprios e adequados ao nosso propósito. O que lhe importa é que nos foquemos na nossa evolução, na limpeza do nossa carma, na forma como nos relacionamos com as pessoas e nos pacificamos com o mundo. O que lhe importa são os valores solidários, não os que estão incutidos de pena mas sim de compaixão. O que lhe importa é que sejamos nós em plenitude tal como ele foi enquanto cá esteve.
Façamos então Natal todos dias, não quando o Homem quiser, mas sim quando cada um puder, em cada gesto, em cada palavra em cada pensamento…um Natal a cada instante Aqui e Agora.
Felizes Natais para todos vós.
Carlos Dionísio
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