Somos realmente prisioneiros da vida que escolhemos? No sentido mais lato e espiritual, sem dúvida. Somos todos prisioneiros desde o dia em que nascemos, de uma forma ou de outra só fazemos a diferença pela forma como vivemos esse cárcere.
Somos seres espirituais que evoluem pela experiência num mundo material. A opção de viver materialmente num planeta como a Terra, é já por si uma prisão. Uma prisão que bloqueia a Alma, mas que disponibiliza todas as condições para que cada um possa evoluir e resolver as suas feridas, num processo de descoberta e aceitação dessa mesma Alma, dentro do contexto materialista da existência humana. Esta descoberta, de uma consciência cósmica, é a chave para deixarmos de sentir a nossa existência como prisioneira.
Estamos assim dentro de uma prisão global, mas somos possuidores da chave que nos liberta. Estar aqui é nem mais nem menos, do que descobrir dentro de nós, onde se encontra essa chave libertadora. É esse o processo que vimos experienciar e a única razão porque viemos.
Como se não bastasse, temos a capacidade de construir prisões dentro de prisões como se acrescentássemos mais portões e fechaduras que nos bloqueiam cada vez mais a nossa libertação. São portais do ego, de crenças, de ideais, de sonhos etc.
Se observar a sua vida, tente ver o quanto você é livre e o quando está limitado a ser e a fazer o que lhe apetece. Depois disso, veja porquê, porque chegou aí, porque foi levado a erguer essas “paredes” que o conduzem numa espécie de labirinto. Numa primeira fase de vida, temos de construir algo, não se dá conta de que muitas decisões, opções de vida, são já os alicerces do cárcere que mais à frente nos vai envolver e que quase sempre vai exigir muito mais de nós para sair.
Tendo presente o conceito que atrás referi, de prisões dentro de prisões, podemos acrescentar que somos prisioneiros da vida porque nos prendemos aos nossos pensamentos, uma coisa leva à outra inevitavelmente. A forma como pensamos, condicionada e é formatada por imensos fatores, como a educação, a família, a sociedade e também pela nossa natureza, ela faz com que a vida de cada um, seja o que é, o que foi e o que será. Cada um constrói à sua maneira os seus condicionalismos que o impedem de Ser quem é, acreditando que pensando da sua forma, crendo da sua forma, agindo da sua forma, alcançará a felicidade ou o sucesso, seja ele de que ordem for.
Ninguém se julga errado no momento em que tem um pensamento, porque esse é sempre o inicio da busca da sua verdade, os pensamentos são a sua verdade por isso cada um os segue constantemente. O que nos mobiliza é agir pelo pensamento, racionalizando e acreditando numa verdade erguida pelo ego, pelo instinto de sobrevivência, de competição, de comparação, num ideal de evolução piramidal, onde a ascensão promete a felicidade.
Por de trás dos pensamentos encontramos também, os fatores emocionais. Aquilo que sentimos, as carências que temos, a forma como nos nutrimos condicionam ou promovem enormemente a forma como pensamos. Sentimos, pensamos e agimos. Desta forma, por de trás de pensamentos disfuncionais, há sempre um desequilíbrio emocional de diversa ordem. Somos por isso levados a pensar e a agir perante os outros e mundo, numa tentativa de buscar fora um nutrimento que devido à sua natureza, apenas podemos encontrar dentro de nós. É nesta busca que todos constroem os seus altos muros, fecham os seus portões e vão deitando as chaves fora.
Presos à vida, ao passado, à família, ao trabalho, às relações, ao futuro, às expetativas, são todas situações que cada um sentirá como suas, mais presos nuns lados do que noutros, mas igualmente presos, portanto não livres.
Nesta altura o nosso querido leitor já estará a questionar afirmando, – A vida é mesmo assim! Não há alternativa! – Todos temos de construir algo e fazer o melhor! – Será que tem de ser assim? É esse o propósito?
O problema não é estar prisioneiro, o problema é SENTIR-SE prisioneiro.
Se não se sente prisioneiro, é porque pode nem saber que está preso, por isso para si neste momento, não faz sentido procurar qualquer chave, ou então, por outro lado, pode já tê-la encontrado. Se for este o caso, encontrou dentro de si tudo o que precisa para se libertar, para encontrar o seu equilíbrio emocional, reformular os seus pensamentos e construir algo novo. Algo que coabita com a sua realidade, mas que o faz ter a sua consciência fora dela. Assim poderá viver na sua plenitude, munido da chave que lhe possibilita em cada momento, em cada situação saber o que é verdadeiramente melhor para si e para a sua alma, ciente de uma consciência cósmica que lhe permite viver esta realidade num mudo material, não como um fim, mas como um meio para a sua evolução.
Se se sente prisioneiro, e vive em crescendo esse desconforto, através do sofrimento, da dor, do desânimo, da doença ou da tristeza, saiba que há sempre um lugar para si do outro lado dos portões. Que o Universo, que Deus, bem como todos os que já encontraram a chave, torcem por si para que encontre a sua, porque todos eles sabem que todos somos um só.
Passe a olhar mais para dentro de si, a confrontar-se com as suas fragilidades, com os seus medos, é aí na superação, na aceitação, no desapego, que estão as primeiras pistas para encontrar a chave do tesouro que é só seu, a sua Alma.
Namastê
Carlos Dionísio
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